quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Na Roda

sonhos nebulosos habitam-me o sono
vem a mim uma dançarina tatuada
com asas de anjos nas nuas costas
e braceletes musicais em torno dos braços

seu quadril voa, deliciosa gaviota,
decidida, forte, cálida, garrida

um sorriso familiar
um olhar de outra vida
ela vem dançar aos meus pés
arábe, africana, nativa americana
reconhece-me, entrega-se
suada, se movimenta
em lascivas badaladas
transa comigo na frente
de todos, sua vontade
escancarada

ó gloriosa galega,
ex-mulher de um puto
qualquer que de canto
observa como antigo capataz
um caipira azedo, grotesco
e impotente, sem voz
que fala grosso
e cala depois

moça loira, sereia em movimento
vai e nada, porque em pouco tempo
te beijarei a boca e inundarei
indecifráveis sussurros no ouvido
degustarei teu suor, serei salão,
toda a roda, tua escora, a brasa
nos teus calcanhares

tua cintura libertina vai
valsar no meu corpo
tua pele, teu cheiro, teu seio
teu sexo, choca-se violentamente
em cadenciadas marteladas

teus olhos ultramarinos
irão se afogar em desespero
apegada a um amor tão volúvel
quanto indiscutível
se agarrara em mim desmantelada
gritara meu nome, gozara em
ardênte ciúme, convencida
que ama de todo o dono da roda